No domingo, dia 29 de outubro, o Chaverim organizou, com o apoio da Hebraica, um cine-debate centrado no tema família e autismo. Foram convidados para o evento colaboradores do Chaverim, madrichim (monitores), voluntários, familiares dos participantes, sócios do clube A Hebraica de São Paulo e amigos. O filme escolhido foi “Lá vamos nós”, um filme israelense de 2020 que conta a história de Uri, um menino dentro do espectro autista, e sua jornada em busca de independência.
(Foto dos participantes do cine-debate, em pé, na frente do telão)
Para mediar a conversa, convidamos duas especialistas no tema, Daniela Karmeli, psicóloga pós-graduada em administração do terceiro setor e consultora de desenvolvimento humano, que trabalha há 24 anos em organizações sociais, principalmente na área da deficiência; e a Profa. Dra. Rosane Lowenthal, que foi gerente da Unidade de Referência em Autismo - Dr Marcos T Mercadante - CAISM Vila Mariana e hoje é vice-diretora do curso de medicina da Faculdade Santa Casa de São Paulo. Para Daniela:
“Foi um prazer para mim ser convidada pelo grupo Chaverim a participar desse cine-debate, é uma temática que eu considero sempre muito importante, falar de vida adulta e moradia para pessoas com deficiência, principalmente para pessoas com deficiência intelectual e autismo, acho extremamente importante. E a gente ainda tem poucos espaços de diálogo sobre isso e eu entendo que para as famílias é extremamente relevante essa temática frente ao processo de envelhecimento populacional.”
(Foto de Daniela Karmeli, Debora Deutsch, Rosane Lowenthal e Camila Grynszpan)
O filme Lá Vamos Nós conta a história de Aharon, que dedicou sua vida a criar seu filho Uri. Eles vivem juntos em uma rotina tranquila, longe do mundo real. Uri é autista e agora, como um jovem adulto, pode ser hora de ele morar em uma casa especializada e conquistar um pouco de independência. No caminho para a instituição, Aharon decide fugir com seu filho e cair na estrada, acreditando que Uri não está pronto para essa separação. No entanto, o filme levanta a questão da codependência entre pai e filho e pode ser que, na verdade, quem não está pronto para a separação é Aharon.
(Foto dos convidados assistindo ao cine-debate)
A escolha do filme foi realizada pela coordenadora técnica do Grupo Chaverim, Camila Grynszpan, juntamente com a voluntária do conselho e mãe do participante Eduardo, Clara Rappaport. Quando questionada sobre a escolha, Camila explicou que:
“O filme Lá Vamos Nós foi escolhido por retratar com bastante delicadeza e sensibilidade a história da relação de um pai com seu filho que está dentro do espectro autista. Lidar com a separação, dar autonomia a esse filho que cresceu e que se encontra na idade adulta, reconhecer suas necessidades e a importância do papel da instituição como parceira são alguns dos desafios enfrentados e que são comuns a muitas famílias reais. Trazer para o debate temas como esse faz com que possamos compartilhar, compreender, acolher, apoiar, incluir e aprender cada vez mais como promover o desenvolvimento e o protagonismo das pessoa com deficiência.”
Após assistirmos ao filme, formamos uma roda com as cadeiras e desdobramos uma conversa que abordou diversos assuntos como família, autismo, pessoas com deficiência, envolvimento e inclusão social, capacitação da sociedade, capacitação das pessoas com deficiência, independência, educação, etc.
(Foto dos convidados e das mediadoras sentados em roda debatendo o tema família e autismo)
“Foi muito interessante ver a mudança de perspectiva e até mesmo da realidade de pessoas com deficiência e seus familiares ao longo dos anos. Estamos definitivamente no trajeto da inclusão, mas ainda temos muito a percorrer.”
Comentou Muriel Klar, especialista em comunicação do Grupo Chaverim, após assistir ao filme e ouvir a tudo que foi dito na roda de debate.
(Foto dos convidados e das mediadoras sentados em roda debatendo o tema família e autismo)
“O Chaverim tem muitas famílias idosas, com filhos já mais velhos também, acho que essa temática é bem presente em vários momentos de vida das famílias, inclusive na própria vida da pessoa com deficiência intelectual. Eu acho que um grande desafio nosso também enquanto profissional da área é sempre, como foi falado ali, como é que a gente passa a ter uma escuta também para a pessoa com deficiência e com TEA frente aos seus desejos e expectativas futuros de vida adulta. E quando a gente fala de vida adulta, é importante a gente pensar que a vida adulta começa a partir dos 18, 20 anos e que a gente não precisa, a família não precisa estar envelhecida para se refletir a este respeito. É um processo de construção, é gradativo, é como foi com os demais irmãos, ou mesmo se a família não tem outros filhos, eu acho que é sempre uma construção de processos. E ao mesmo tempo, cada família é única, ela precisa ser escutada e tem que fazer sentido a ela também. Eu acho que a gente tá aqui realmente para fomentar uma discussão. Acho muito importante a gente nunca perder de vista que cada pessoa com deficiência é única e que cada família é única, então isso também faz parte de uma construção de processo sempre.”
Conclui Daniela enquanto relembrava do evento ao conversar conosco.
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